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Full text of "Existe Um Anjo Acompanhando O Crente O Tempo Todo"

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A relevâncias dos credos históricos 

digg 

Por que um artigo dessa natureza? Se o leitor for a uma livraria procurar algo a respeito do assunto em 
nossa língua, provavelmente não irá encontrar muita coisa. É incomum achar essa matéria na literatura 
evangélica, mesmo em inglês. Essa é, em parte, a razão deste artigo. Contudo, não é a única, como se 
poderá observar no decorrer destas notas. 

Em tempos de tanta confusão teológica por que passa a 
igreja cristã neste final do século XX, não é aconselhável 
professar o cristianismo sem afirmar com clareza aquilo 
em que se crê. A igreja de Cristo sempre foi uma igreja 
conf essante, porque a genuinidade da nossa fé tem que 
ser evidenciada naquilo em que cremos e confessamos. 
Temos que ter a ousadia de afirmar clara e abertamente 
e, de preferência, de forma escrita, as coisas em que 
cremos. Reconheço que vivemos numa era que rejeita a 
noção credal ou confessional, mas esta posição tem que 
ser repensada. Tantas são as heresias e as tentativas de 
assalto à fé genuína que tornam-se necessárias a 
formulação e a confissão daquilo em que cremos, para 
que a igreja, na sua inteireza, não venha a ficar perdida, 
lançada de um lado para outro por quaisquer ventos de 
doutrina. 

Em todas as épocas os crentes foram chamados a expressar a sua fé de uma forma confessional. É 
importante nos lembrarmos de que não é necessária a adesão a um credo para que uma pessoa se torne 
cristã, mas, uma vez cristã, a pessoa tem que confessar a sua fé. Essa confissão é, em algum grau, um 
credo. 

I. A Definição de Credo e Confissão 

Philip Schaff diz que "um credo, regra de fé ou símbolo é uma confissão de fé para uso público, ou uma 
forma de palavras colocadas com autoridade... que são consideradas como necessárias para a salvação, 
ou, ao menos, para o bem-estar da igreja cristã."1 Esta definição parece contradizer a sentença do 
parágrafo anterior, mas obviamente devemos entender que Schaff está falando da necessidade de 
confissão antes que da necessidade da elaboração escrita de um credo. 

Um credo é uma elaboração científica daquilo que cremos com base na Escritura Sagrada. "Um credo ou 
regra de fé é uma afirmação concisa daquilo que alguém deve crer a fim de ser um cristão."2 Se alguém se 
confessa cristão, tem que possuir um conjunto de verdades devidamente elaboradas em que professa 
crer. É necessário que o cristão confesse a sua fé de forma que outros venham a saber em que ele crê. É 
uma insensatez professar fé em Cristo sem saber o conteúdo do que se confessa. 

Paul Wooley definiu credo como "uma série de afirmações conectadas que são cridas como verdadeiras e 
que são derivadas de fontes de informação tais como os registros dos acontecimentos na história."3 

Adef inição de uma confissão não difere basicamente da de um credo, senão na forma. Uma confissão 
contém mais ou menos os mesmos elementos de um credo, mas de forma bem mais elaborada, com 
detalhes que um credo não possui, por ser mais conciso. Uma confissão aborda mais assuntos do que um 




credo, e os apresenta de forma mais sistemática. Um credo sempre começa como credo ou credemus ("eu 
creio" ou "nós cremos"), enquanto que as confissões geralmente não possuem essa característica. 

II. A Importância da Historicidade da Fé 

Os credos são extremamente importantes para os cristãos que vivem no limiar do terceiro milénio, porque 
estes não são essencialmente diferentes dos crentes que viveram nos primeiros séculos da era cristã. 
Para os cristãos da era patrística, os credos foram absolutamente necessários para a definição teológica 
e para a vida cristã prática. Anossa fé tem que possuir raízes históricas, e os credos nos ajudam a 
entendê-las. Por exemplo, o Credo Apostólico dá-nos informações sobre quem foi Jesus Cristo. Ali se diz 
que ele nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e 
sepultado, ressurgindo dos mortos ao terceiro dia. Esses todos são dados históricos. Eles são uma 
afirmação de nossa fé histórica. Se a redenção trazida por Cristo não é um fato histórico, como alguns 
teólogos contemporâneos chegaram a afirmar, então nós não somos realmente redimidos. 

Se a queda no Éden não foi um fato histórico, então não existe corrupção nem culpa. Se negamos a 
historicidade do Éden haveremos de negar a historicidade da redenção em Cristo e a autoridade do próprio 
Cristo, que creu nas afirmações do Génesis. É absolutamente essencial que levemos em conta as raízes 
históricas de nossa fé. 

Na mente de uma porção de teólogos e de cristãos individuais, as coisas mencionadas acima são meras 
idéias, não fatos. Se o pecado humano é uma mera idéia, é não um fato, a salvação que se diz ter sido 
trazida por Cristo também o é. Mas a escravidão ao pecado é algo tão real que ninguém pode negar, nem 
mesmo os homens mais ímpios, e a redenção trazida por Cristo é uma realidade histórica em nossa vida 
pessoal, e é absolutamente inegável. Que o digam os que foram alcançados por ela! Por essa razão, 
precisamos confessá-la. 

Se a nossa fé não tem raízes históricas, ela perde o seu fundamento. Uma fé sem essas raízes é 
docética, isto é, solta no espaço, sem qualquer ligação com o real, e nada tem a ver conosco. Os credos e 
as confissões sempre nos situaram historicamente com respeito a pessoas e eventos, especialmente os 
relacionados com Jesus Cristo, o Senhor e Redentor. Deus, que é eterno e a-histórico, fez com que seu 
Filho se tornasse um personagem da história para poder ser um de nós, um membro de nossa raça, a fim 
de que pudesse realizar a obra da redenção em nosso favor. Por essa razão, a Escritura sempre nos situa 
no tempo e na história (falando, por exemplo, de Belém no tempo de Herodes), e os credos fazem 
exatamente o mesmo. 

Portanto, os credos e confissões da igreja cristã sempre nos reportam às origens e ao desenvolvimento 
histórico de nossa fé. Como já vimos anteriormente, primeiro vieram os credos, expressões resumidas da 
fé cristã. Posteriormente, vieram as confissões, que foram expressões mais elaboradas, sendo ambos, 
credos e confissões, resultado direto das controvérsias vigentes na época em que foram preparados. 
Nenhum de nós pode dizer, em sã consciência, da falta de importância dos credos e confissões nos 
tempos modernos, embora o tempo presente nos convide a isso. É um tempo de anti-dogmatismo e de 
aversão a afirmações confessionais. No entanto, os genuínos cristãos sempre se importaram com a 
historicidade da sua fé. Nisso também não sejamos diferentes daqueles com quem queremos ser 
parecidos! 

III. AOrigem Eclesiástica dos Credos e Confissões 

Os credos tiveram a sua origem nos primeiros séculos da igreja cristã, especialmente quando das 
controvérsias dos séculos IV e V. O primeiro credo conhecido historicamente foi o chamado Credo 
Apostólico, que provavelmente tenha sido formulado no segundo século, mas sofreu algumas alterações 
até o século VI, quando algumas coisas lhe foram acrescentadas. Não conhecemos a sua verdadeira 
origem, nem quem foram os seus autores. 

Há outros credos na história da igreja dos quais sabemos bastante, embora o espaço aqui não nos 



permita dizer muito sobre eles. No ano 325, cerca de 300 bispos formularam um credo no Concílio de 
Nicéia, na Ásia Menor, que tratou das controvérsias cristo lógicas relacionadas à trindade e condenou as 
heresias de Ário. Depois houve o Credo de Constantinopla (381), elaborado por 150 bispos, que é 
popularmente conhecido como o "Credo Niceno" simplesmente por refletir o ensino de Nicéia. Todavia, ele 
vai além dos ensinos de Nicéia, pois afirma a plena divindade do Espírito Santo. O Credo de Calcedônia 
(451) trata especificamente das duas naturezas de Jesus Cristo, sobre as quais a igreja pouco 
acrescentou posteriormente, em virtude da precisão das suas idéias. Além desses primeiros credos, vários 
outros apareceram posteriormente, expressando a fé da igreja e dando-lhe um norte teológico para fazer 
face às heresias. 

Somente bem mais tarde, na época da Reforma, é que apareceram as confissões de fé, que trataram da 
doutrina cristã de um modo bem mais elaborado que os credos. Inicialmente surgiu a Confissão de 
Augsburgo (1530), de tradição luterana. Depois vieram as de cunho calvinista: a Segunda Confissão 
Helvética (1566), a Confissão Escocesa (1560) e a Confissão de Fé de Westminster (1646), que foi a 
última das grandes confissões e certamente a que veio a apresentar as definições mais precisas da 
doutrina reformada. Houve outras confissões de menor importância histórica, além dos catecismos que 
formaram a base doutrinária das igrejas, especialmente as de cunho luterano e calvinista. 

IV. A Origem Escriturística dos Credos 

O cristianismo é a única grande religião do mundo que tem esboçado o conteúdo de sua fé na forma de 
credos. Um credo não é a Palavra de Deus aos homens, mas é composto de palavras de homens a 
respeito de Deus, uma resposta humana à revelação divina. Uma afirmação credal é a primeira elaboração 
de teologia feita pelos cristãos. Todavia, os credos não precisam ser necessariamente escritos, pois nos 
começos do cristianismo a fé era expressa oralmente aos catecúmenos ou professada por eles no 
batismo, muito antes de eles serem colocados em forma escrita. 

0 começo das formulações confessionais está evidenciado nas afirmações proto-credais das páginas do 
Novo Testamento. O eminente historiador Schaff disse que "os credos nunca precedem a fé, mas a 
pressupõem."4 Afé elaborada pela igreja é apenas uma exteriorização daquilo que os cristãos crêem no 
coração. Se crêem com o coração, disse Paulo, eles têm que confessar com a boca (Rm 10.9-10). Schaff 
diz ainda que os credos "emanam da vida interior da igreja, independentemente da ocasião externa... Em 
um certo sentido pode se dizer que a igreja cristã nunca ficou sem um credo."5 

Parece que as formulações doutrinárias já eram comuns no tempo dos apóstolos. O gérmen dos credos 
está afirmado nos escritos apostólicos. Judas, por exemplo, faz referência direta a algum tipo de 
formulação existente no seu tempo. Ele fala da "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (v. 3). 
Essa f é é o conjunto de verdades reveladas que estavam de alguma forma sistematizadas e eram aceitas 
pelos crentes de então. No v. 20 Judas fala da edificação dos crentes na fé santíssima, o que pressupõe a 
existência de uma formulação pré-credal. Em contraste com as doutrinas erróneas ensinadas no seu 
tempo (1 Tm 1.3; 6.3), Paulo fala a Timóteo (e a Tito) a respeito da "sã doutrina" (1 Tm 1.10; 4.6; 2 Tm 4.3; 
Tt 2.1), que ele devia ensinar (2 Tm 4.2-3) e pela qual deveria zelar (1 Tm 4.16; 6.1). A pregação da "palavra 
fiel" deve ser "segundo a doutrina" (Tt 1 .9), e a doutrina deve ser "ornada" pelo proceder dos crentes (Tt 
2.10). 

No período apostólico já havia algumas doutrinas elaboradas que o escritor aos Hebreus chama de 
"princípios elementares da doutrina de Cristo" (ver Hb 6.1-3). Ele também expressa a sua preocupação com 
a entrada de "doutrinas várias e estranhas" no seio das igrejas (Hb 13.9), que exigiam a definição da 
verdadeira doutrina. Portanto, nos tempos do Novo Testamento já se via a grande importância de se crer 
corretamente, isto é, a importância de permanecer na doutrina ensinada por Cristo (ver 2 Jo 8-11). 

Os escritores bíblicos usam outros sinónimos para doutrina nos seus escritos: fé (Gl 1 .23; Fp 1 .27; Cl 2.7; 

1 Tm 1.19-20; Tt 1.13; Judas 3); tradição, significando a verdade passada adiante (1 Co 11.2,23; 15.3; 2 Ts 
2.15); padrão das sãs palavras (2 Tm 1.13); bom depósito (1 Tm 6.20; 2 Tm 1.14); a palavra que vos foi 
evangelizada (1 Pe 1 .25). Essas doutrinas já eram elaboradas, embora não exaustivamente e, de alguma 



forma, confessadas publicamente pelos crentes do Novo Testamento. 

Contudo, a essa altura, não se pode falar que havia credos formalmente elaborados na igreja do Novo 
Testamento, mas a idéia de um credo já estava perfeitamente a caminho. Segundo Bruce Demarest, "Paulo 
em Rm 10.9-10 esboça três elementos essenciais de uma confissão que salva: crença na divindade de 
Cristo, sua morte expiatória, e sua ressurreição ."6 

Mesmo não havendo uma elaboração propositada, podemos perceber os fragmentos de um credo em 
alguns escritos do Novo Testamento, especialmente os elementos relacionados com a obra redentora de 
Jesus Cristo: 

Antes de tudo vos entreguei o que também recebi: 

Que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, Que foi sepultado, Que ressuscitou ao 
terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas, E, depois, aos doze. Depois foi visto por mais de 
quinhentos irmãos de uma só vez.... Depois foi visto por Tiago, 
E, então, por todos os apóstolos, E, finalmente, por mim... (1 Co 15.3-8) 

Parece-nos que este texto revela algum propósito de catequese ou pregação. Kelly justifica tal 
possibilidade dizendo que este sumário "dá a essência da mensagem cristã numa forma concentrada.V 
(Ver outros exemplos similares em Rm 1 .3-5; 8.34; 1 Co 8.6; 1 Tm 3.1 6; 1 Pe 3.1 8-22.) 

Um texto que fala de uma espécie de credo-conf issão está patente em 1 Tm 6.13-14. Provavelmente essa 
confissão preparava as pessoas para o batismo. Um texto semelhante é 2 Tm 4.1 (ver também Rm 4.24). 

Esses exemplos não devem ser considerados credos no sentido usual do termo, mas parecem indicar a 
presença dos elementos de um credo. Philip Schaff estava absolutamente certo quando afirmou que "num 
certo sentido, a Igreja Cristã nunca existiu sem um credo."8 

V. A Necessidade dos Credos e Confissões 

As Igrejas Reformadas sempre primaram pela elaboração de credos e confissões. É característica das 
mesmas serem confessionais. Com base nas afirmações confessionais da Escritura, as Igrejas 
Reformadas viram a necessidade de possuírem uma identidade teológica. E há algumas razões que tornam 
necessária a formulação de um credo: 

A. A Natureza da Igreja 

A igreja de Cristo não é simplesmente uma reunião de pessoas que coincidentemente pensam a mesma 
coisa. Elas devem pensar basicamente as mesmas coisas porque para elas existe um só padrão de 
referência que é a Santa Escritura. A igreja de Cristo sempre foi confessante, porque a fé do coração deve 
ser expressa em proposições, em termos lúcidos, de forma que todos possam saber claramente em que a 
igreja crê. 

Um credo deve ser a expressão exterior daquilo que a igreja crê interiormente. Ele é o produto da reflexão 
da igreja sobre a revelação divina. "Quanto mais rica for a reflexão da igreja, mais pleno e mais profundo 
torna-se o tom de sua conf issão."9 Um credo ou confissão sempre deve expressar o labor da igreja sob a 
orientação do Espírito Santo. 

Todavia, houve uma outra razão para a elaboração dos credos e confissões na história da igreja: 

B. O Ataque de Outras Tradições Religiosas 

Onde quer que a igreja professe abertamente a sua fé, ela irá encontrar oposição. Quando mais definida 
em sua teologia, mais oposição a igreja receberá. É importante observar que foi nos períodos de maior 
confrontação que a igreja mais produziu em termos de credos e confissões. Qual é a razão por que a 
igreja contemporânea não tem sido perseguida e atacada? É porque ela tem deixado de ser definida 



teologicamente. Historicamente, todas as vezes em que a igreja enfrentou oposição, ela se definiu. 
Certamente, a igreja contemporânea haverá de enfrentar discriminação quando tiver definido os seus 
rumos teológicos de maneira inequívoca. Será que a igreja contemporânea está disposta a pagar esse 
preço? 

Os credos e as confissões mostram que a igreja tem definições a fazer e rumos a seguir. Averdadeira 
igreja de Cristo tem que possuir um norte teológico a ser seguido; ela não pode permanecer neutra nas 
questões espirituais, éticas e morais. Ela tem que ser confessional para poder combater os inimigos 
teológicos. Do contrário, ficará desnorteada. 

Uma outra razão que torna necessária a existência de credos e confissões na atualidade é: 

C. O Espírito do Tempo Presente 

Vivemos num tempo muito diferente do período da Reforma, quando as confissões foram formuladas. 
Havia então muitos inimigos da fé protestante, mas agora a situação é absolutamente diferente. Os 
protestantes não são tratados da mesma forma, e ninguém os tem atacado como aconteceu no passado. 
Contudo, essa situação não dispensa a necessidade de credos e confissões, pois é exatamente num 
tempo como o de hoje, de indefinição teológica, que se faz necessária a afirmação da verdade de forma 
objetiva. O ambiente teológico atual é o de um pluralismo onde as pessoas fogem de verdades 
objetivamente afirmadas. 

A Escritura tem sido abordada por óticas diferentes, que geralmente são chamadas de cosmo visões. Ela 
tem sido interpretada por pessoas que possuem cosmovisões muito diversas, que ocasionam 
entendimentos bastante diferentes dos mesmos textos. Afé reformada é uma tentativa justa e 
consistente de interpretar a Escritura de acordo com a própria Escritura. Portanto, ao encerrar-se o século 
XX, as Igrejas Reformadas têm que fazer jus à sua história e reafirmar veementemente a fé que uma vez 
por todas nos foi entregue, da forma em que está interpretada pelos símbolos reformados de fé. 

Uma outra razão que torna absolutamente necessária a afirmação objetiva da nossa fé é: 

D. O Experiencialismo Vigente em Nossos Dias 

O subjetivismo de nossa geração obriga a igreja a voltar aos padrões confessionais. Muitos evangélicos 
estão embarcando num experiencialismo desenfreado, onde os sentimentos têm sido a medida de todas 
as coisas, assim como no Iluminismo a razão tornou-se a medida de todas as coisas. Muitos ministros têm 
desprezado a verdade da Escritura e preferido as experiências místicas, que têm se tornado a sua "regra 
de fé." O resultado disso é que a igreja evangélica no mundo tornou-se uma Babel teológica, onde ninguém 
consegue falar a mesma língua, porque não existe padrão objetivo de verdade em que se possa confiar. 

No cristianismo atual não há paradigmas confiáveis. Aênf ase está na subjetividade das opiniões que 
controlam todo o arcabouço teológico de muitos líderes espirituais, os quais, com muita facilidade e 
maestria, controlam a mente e os sentimentos de "seus fiéis." É patente a necessidade dos credos nos 
dias de hoje, para que tenhamos um paradigma conf iável baseado na totalidade da Palavra de Deus. 

Há mais uma razão a evidenciar a necessidade da reafirmação dos credos e confissões. Trata-se de um 
problema específico de nossa geração: 

E. A Influência do Pluralismo Religioso 

Apresente geração anda tateando às cegas, sem saber onde apoiar-se. Tem sido ensinado nas escolas e, 
o que é mais desconcertante, em muitas igrejas da Europa, dos Estados Unidos e em algumas aqui do 
Brasil, que as religiões não-cristãs são caminhos alternativos para Deus. Jesus não é o único modo de 
chegar-se a Deus. Alguns cristãos admitem que Jesus é até o melhor, mas não o único. Por causa dessa 
filosofia religiosa, a verdade que foi pregada até o período pré-moderno não é mais a única. Não existe 



uma verdade na qual as pessoas possam confiar, porque elas têm sido ensinadas que ninguém possui a 
verdade, e sim que as verdades dependem do ponto de vista de cada um. Há uma variedade de verdades, 
dependendo do gosto do freguês. E, como não possuem discernimento espiritual, as pessoas andam 
desnorteadas. 

Este tempo é de grande urgência para a igreja cristã, que pode e deve assumir posições teológicas e ético- 
morais a fim de poder ser uma bússola para as pessoas desorientadas. O tempo presente exige dos 
genuínos cristãos uma fé seguramente formulada e confessada, a fim de que seja o único caminho de 
salvação, um guia seguro para o céu, pois aponta a única verdade que é Jesus, e tudo o que ele disse e 
fez por pecadores perdidos. 

Há uma última razão que torna necessária a reafirmação dos credos e confissões em nossos dias. Talvez 
esta seja a mais importante de todas, porque tem uma conotação positiva: 

F. A Pureza da Doutrina 

Escrevendo à igreja de Filipos, Paulo disse de maneira inequívoca que os irmãos deviam "lutar juntos pela 
fé evangélica" (Fp 1.27). Essa fé mencionada por Paulo era o conjunto de verdades que os crentes haviam 
recebido dos apóstolos e que deviam preservar até mesmo ao custo de suas próprias vidas. Esse espírito 
de união na luta pela fé deveria unir todos os cristãos. Estes é que deveriam preservar a pureza da 
doutrina. Se os cristãos genuínos não fizerem isto, eles põem a perder todo o seu fundamento teológico. 

A mesma idéia teve Judas, provavelmente o irmão do Senhor, quando escreveu aos seus leitores, 
exortando-os a batalharem "diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (v. 3). 
É responsabilidade nossa defender a fé, mas como defendê-la se não a temos afirmada e confessada? A 
Escritura tem que ser entendida da maneira mais clara possível e este entendimento tem que ser afirmado 
conf essionalmente, a fim de mostrarmos ao mundo aquilo em que cremos, sendo homens e mulheres 
teologicamente definidos. Além disso, Judas diz que essa batalha tem que ser diligente, mostrando todo o 
nosso esforço na preservação da pureza da doutrina. Na época em que Judas escreveu, o Novo 
Testamento ainda não havia sido reunido canonicamente. As verdades eram conhecidas dos crentes de um 
modo verbal. Só um pouco mais tarde é que as cartas foram colecionadas. Judas, portanto, referia-se aos 
conceitos doutrinários que os crentes haviam recebido dos apóstolos e pelos quais deveriam batalhar 
diligentemente. Eles não deviam permitir que a fé fosse deturpada, como alguns costumavam fazer (2 Pe 
3. 16). A pureza da doutrina é uma questão prioritária e fundamental em todas as épocas, especialmente 
quando ela se encontra debaixo de tantos ataques. 

Não há como preservar a pureza da doutrina de Deus se ela não for devidamente escrita e confessada. 
VI. Os Principais Propósitos na Formulação dos Credos 

Originalmente os credos foram elaborados para serem úteis à vida da igreja. Eles eram a confissão daquilo 
que estava no coração dos crentes; serviam para que os crentes se tornassem conhecidos na sociedade 
como seguidores de Jesus Cristo; e serviam também para conduzir outras pessoas a ele pela influência do 
seu testemunho. 

Mas, poderíamos dizer de forma mais elaborada que: 

A. Jesus Sempre quis que os Homens Fizessem uma Confissão Daquilo em que Criam 

Sempre houve a necessidade de se confessar aquilo em que se crê (Mt 10.32-33; Rm 10.9-10). Segundo Mt 
16.15, Jesus perguntou aos seus discípulos: "Mas vós quem dizeis que eu sou?" Ele queria que os seus 
discípulos afirmassem sua posição com relação à sua pessoa. Todos nós temos que confessar Jesus, 
quem ele é, o que ele fez. Talvez a primeira formulação de uma doutrina ou dogma cristão esteja 
relacionada com a resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Obviamente, esta confissão 
de Pedro foi, posteriormente, expandida e melhor articulada. 



Aconfissão é um elemento essencial da fé. Este princípio fundamental não pode ser negado, segundo a 
ensino do Novo Testamento. Melanchton, uma das mentes mais brilhantes do tempo da Reforma, disse: 
"Nenhuma fé é firme se não é mostrada em conf issão."10 Não existe uma fé em Cristo que não se 
expresse em uma formulação doutrinária ou dogmática. "Uma fé sem dogma, sem confissão, está 
continuamente em perigo de não mais saber o que realmente crê e, portanto, em perigo de cair ao nível de 
uma mera religiosidade."11 

B. Na Igreja Apostólica os Crentes Começaram a Orar ao Senhor Exaltado 

Este é um fato que não pode ser ignorado. Mas qual é a dificuldade, alguém perguntaria. De forma correta, 
cria-se que as orações deviam ser dirigidas somente a Deus. Se eles estavam orando a Jesus Cristo, eles 
teriam que começar a elaborar uma formulação doutrinária que justificasse aquela sua atitude de oração. 
Logo, a questão do relacionamento entre Deus e Jesus Cristo tinha que ser estabelecida. Não havia outra 
forma de tratar o problema. Algum tempo mais tarde começaram as formulações credais oriundas das 
controvérsias sobre a doutrina da trindade e dos problemas cristológicos. Obviamente, as elaborações 
mais sofisticadas foram posteriores, somente nos séculos IV e V, nos primeiros concílios ecuménicos. Não 
é de se estranhar, portanto, que os primeiros dogmas a serem formulados na igreja cristã tenham sido o 
da trindade e o das duas naturezas de Cristo. Também não foi acidente que, logo em seguida, 
aparecessem problemas de antropologia, com as doutrinas do pecado e da graça sendo esclarecidas na 
igreja ocidental nas lutas que Agostinho teve com Pelágio. 

C. O Aparecimento de Crenças Estranhas Levou à Necessária Formulação dos Credos, para que a Genuína 
Fé Cristã fosse distinguida das Heresias que apareciam Com frequência - Os credos tinham que ser 
elaborados para explicar melhor a formulação doutrinária já existente na igreja. Em todos os tempos a 
formulação de doutrinas revelou uma preocupação séria da igreja com algum ponto fundamental da fé. 
Todas as doutrinas apareceram para explicar problemas de importância fundamental para a vida da igreja, 
tanto sobre o entendimento como sobre o conteúdo da fé. Era a melhor maneira de educar e catequizar a 
igreja — que estava em franco crescimento — a respeito das verdades cristãs mais importantes. 

VII. Os Credos e Confissões São o Resultado de Uma Experimentação? 

Se considerarmos que tais documentos são formulados cientificamente, então temos que admitir que 
revelam o resultado de uma experimentação. Neles os teólogos trabalham arduamente para chegarem a 
uma conclusão bem elaborada que ref lita a interpretação correta das Escrituras, após analisarem as várias 
interpretações disponíveis no decurso da história da igreja e na averiguação das interpretações correntes. 

Qual deve ser a fonte última de pesquisas para os credos e confissões cristãos? Obviamente, é a 
Escritura Sagrada. Ela é a fonte básica para a formulação dos credos, assim como a natureza é a fonte 
básica para as outras formulações científicas. A Escritura deve ser a fonte de toda pesquisa porque ela é 
uma revelação singular de Deus. 

Uma outra questão surge na mente das pessoas: os credos devem ter como fonte única a Escritura, ou a 
experiência cristã também deve contribuir para a formulação dos mesmos? Wooley diz que 

a experiência de fato lança luz sobre a Bíblia, mas uma ou a outra deve ter a prioridade. Se a Bíblia é 
apenas um registro da experiência humana, então a questão está resolvida. Afonte básica é a experiência. 
Mas se as reivindicações da Bíblia devem ser aceitas, ela é um livro que contém um registro singular, 
totalmente distintivo, da verdade dada por Deus. Em outras palavras, não há nada mais igual a ela. Se isto 
é verdade, a Bíblia é a fonte definitiva. Neste ponto, a escolha tem que ser feita. O cristão diz que ela tem 
que ser feita com a assistência de Deus. 12 

Qual é o significado da Bíblia? O que a Bíblia realmente quer dizer a nós? Os credos e confissões são uma 
tentativa de responder a estas perguntas de forma sistemática, porque a Bíblia não é um compêndio 
sistematizado de doutrinas. Quando da formulação de tais documentos, os estudiosos trabalham 
cientificamente para produzir aquilo que crêem ser expressão da verdade de Deus, com base nas 



informações que possuem. O investigador da Escritura 

começa por tentar descobrir o que autor humano tinha em mente quando escreveu, o que ele estava 
tentando dizer. Mas o investigador não pode parar aíse ele crê que a Bíblia é a revelação, ou mesmo um 
meio de revelação. O investigador também tenta descobrir o que Deus pretendeu que o texto significasse 
para o leitor de então, e para o leitor de agora. 13 

Wooley diz ainda que os estudiosos da Escritura devem usar outras ferramentas que os ajudem na sua 
interpretação e que, consequentemente, ajudem na formulação dos credos e confissões: 

Uma das ferramentas usadas na descoberta do significado da Escritura é a história daquilo que as 
pessoas pensaram sobre ela. Ahistória usa com um propósito didático a evidência do que aconteceu aos 
homens no passado. Ahistória de como os homens formularam os credos, por que assim o fizeram, qual a 
utilidade que os credos têm tido na prática, e qual a sua real utilidade, é de extrema importância na 
avaliação de nossa situação presente. 14 

Portanto, quando estiverem reafirmando as verdades credais e confessionais, os cristãos deste final de 
século devem levar em conta a fonte autorizada que é a Escritura e as fontes secundárias de pesquisa, 
que estão na experiência dos homens verificada na história da igreja. 

VIII. São os Credos uma Imposição da Igreja sobre os seus Membros? 

Muitos cristãos de hoje não aceitam as formulações doutrinárias estabelecidas pelo simples fato de 
pensarem que são uma imposição das autoridades da igreja sobre eles. 

De fato, dentro da Igreja Católica Romana a idéia de "dogma" tem alguma ligação com imposição. Todos os 
católicos têm que aceitar as formulações infalíveis da igrejal 5, sem qualquer possibilidade de 
questionamento ou posterior alteração. 

Roma reivindica infalibilidade para todos os pronunciamentos do magistério da igreja. Cristo fundou a 
igreja e ordenou que ela deveria ser a guardiã infalível e intérprete da verdade... Inspirados pelo Espírito de 
Deus, os concílios da igreja não podem errar. Justiniano I (morto em 565) considerou os ensinos dos 
quatro concílios ecuménicos da igreja como Palavra de Deus e seus cânones como leis do império. 
Gregório, o Grande (morto em 604), colocou os decretos dos primeiros quatro concílios em pé de 
igualdade com os quatro evangelhos. O catolicismo medieval, na plenitude da sua exuberância, elevou os 
credos acima da Bíblia... Por esta razão, a perspectiva de Roma é que as antigas formulações dos credos 
contêm verdades reveladas imediatamente por Deus e, assim, são dotadas de autoridade para todas as 
épocas. 16 

Os protestantes têm uma atitude diferente com relação aos credos e confissões. Embora eles considerem 
o Credo dos Apóstolos e os decretos dos quatro concílios ecuménicos em consonância com a Escritura, 
esta última é a única regra de fé e prática para a igreja. Os dogmas e as confissões sempre têm que estar 
sujeitos à Escritura. Devem ser testados à luz da Escritura e sua interpretação deve estar sempre em 
consonância com a mesma. Quando isto acontece, então pode-se dizer que as doutrinas dos credos e 
das confissões são uma expressão de um correto entendimento das Escrituras e devem ser aceitas pela 
igreja. 

Os protestantes sempre reconheceram concílios fiéis e concílios infiéis. Portanto, alguns expressaram-se 
corretamente e outros não, em matéria de fé. É exatamente esse o pensamento da Confissão de Fé de 
Westminster. 

Todos os sínodos e concílios, desde os tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar, 
e muitos têm errado; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados 
como auxílio em uma e outra coisa (Confissão de Fé de Westminster, XXXI, 3). 

Para que os cristãos aceitem os credos e confissões, estes têm que ref letir o pensamento da Escritura e 



têm que ser julgados pela própria Escritura. Se isto acontecer, os credos nunca serão uma imposição da 
igreja, mas os crentes terão o dever de aceitá-los. 

IX. A Possibilidade de Revisão dos Credos 

Um credo ou confissão, pelo menos dentro da teologia reformada, não é um sistema de doutrina 
absolutamente fechado que não possa ser alterado com o desenvolvimento sério dos estudos sobre uma 
determinada matéria. Wooley diz que "os credos existem para o propósito de aplicação e deveriam ser 
frutíferos para experimentação e teste posteriores, e sujeitos a constante mudança e revisão."17 

É importante observar que a teologia reformada não é um sistema hermeticamente fechado ou 
irreformável. Não possuímos um credo sacrossanto, que nenhum concílio possa alterar. Ateologia 
reformada sempre se desenvolveu, desde a Reforma Protestante do Século XVI. Quanto mais os teólogos 
ref letem sobre a revelação divina da Escritura, mais eles podem aprender com ela. Ateologia reformada 
permite a revisão dos credos para que se melhore a formulação das doutrinas. 

Um padrão de fé não pode ser mudado sem um exame acuradíssimo das Escrituras. Toda e qualquer 
alteração tem que possuir uma base escriturística justificável. A idéia de reformar os credos e confissões 
não é algo simples, nem deve ser tratada levianamente. "A revisão de uma confissão é sempre possível, 
mas tal revisão é proveitosa somente se a própria igreja estiver num plano espiritual elevado e for capaz 
de inteligentemente descobrir com precisão, nas Escrituras, as expressões da sua fé."18 

Embora a teologia reformada não seja irreformável, por causa da sua solidez ela não tem sido alterada em 
sua história. As gerações presentes têm que possuir um elo de ligação com as gerações passadas. Esses 
elos nunca podem ser quebrados. O que cremos hoje tem que ref letir a fé dos nossos antepassados. 
Devemos diferir deles naquilo em que eles não foram absolutamente justos com o ensino geral das Santas 
Escrituras, mas onde estiveram certos, devemos seguir com eles. O que foi verdade no passado, deve ser 
verdade para o povo de Deus no presente. 

Averdade de Deus conforme revelada na Escritura nunca muda. O entendimento da Escritura é que pode 
ser melhorado. Nesse sentido, a fé reformada se desenvolve. 

X. As Razões para a Depreciação dos Credos 

Vivemos numa época anti-dogmática e muitos crentes querem que a igreja viva sem um corpo de doutrinas. 
Eles dizem que somente a Bíblia é necessária. Eles querem saber somente de Jesus Cristo, e não de 
doutrinas, o que é uma grande insensatez. Como pode haver amor a Cristo e à sua Palavra sem haver 
amor pela sã doutrina ensinada de maneira inequívoca na Escritura? 

Contudo, há algumas razões para esse comportamento da igreja contemporânea: 

A. O Subjetivismo Radical do Iluminismo e do Pós-Modernismo 

Uma razão para esse comportamento pode sem depreendida do fato de que desde o período do 
Iluminismo apareceu dentro da igreja um subjetivismo radical que levou a uma depreciação dos credos. No 
período pós-iluminista, com Schleiermacher, Kierkegaard e toda a tradição existencialista, creu-se que a 
realidade de Deus não podia ser objetivamente conceptualizada. Averdade tinha que ser alcançada pela 
exploração do caráter intrínseco da existência humana. O teólogo católico Karl Rahner insiste que "o 
conteúdo da fé não é visto como um número vasto e quase incalculável de proposições que, coletiva e 
diversamente, estão garantidas pela autoridade formal de um Deus que se revela.'"! 9 Segundo Rahner, a 
verdade é subjetiva, não objetiva. 

B. AAridez do Protestantismo Escolástico 

Asegunda razão para a depreciação dos credos e confissões pode ser vista na aridez do protestantismo 
escolástico dos séculos XVII e XVIII, com sua tonalidade racionalista, que enfatizava as formulações 



confessionais esvaziadas de verdadeira piedade cristã. Essa aridez resultou no aparecimento do Pietismo, 
que rejeitou quase todas as formulações doutrinárias. Mais recentemente, como resultado da aridez 
ortodoxa dentro do catolicismo, começou-se a enfatizar a ortopraxia ao invés da ortodoxia. Demarest diz 
que "os modernos católicos progressistas tais como Schillebeeckx, Dulles and Kúng insistem que o que 
vale não é um credo cristão, mas os atos concretos dos cristãos."20 

Por causa da ênfase extremada nos credos e confissões do protestantismo escolástico e da aridez com 
que ensinavam as doutrinas, sofremos ainda hoje algumas consequências. Todas as igrejas que são 
confessionais levam sobre si o estigma de "ortodoxia morta." Num certo sentido isto tem sido verdadeiro. 
Várias igrejas confessionais têm perdido historicamente o gosto pela evangelização, pelo testemunho 
cristão e pela vibração com o evangelho de Cristo. Por essa razão, o evangelicalismo moderno tem 
apelado mais para a religião prática e para a experiência individual do que para confissões de fé 
objetivamente afirmadas. 

Esse erro comportamental do passado não é justificativa para abandonar-se os credos. É perfeitamente 
possível afirmá-los e confessá-los e ainda assim possuir ardor pela evangelização, missões e comunhão 
pessoal com Deus, pois eles próprios ensinam estas coisas. 

C. O Relativismo Cultural 

Uma terceira razão para a depreciação dos credos e confissões está relacionada com o problema do 
relativismo cultural. O pós-modernismo foi o grande beneficiado com o relativismo cultural, mas nos seus 
resultados ele não foi diferente do Iluminismo. Apenas mudou a metodologia. Ele retirou a verdade 
afirmada objetivamente e colocou a verdade na subjetividade do indivíduo. O pós-modernismo 
democratizou a verdade, fazendo com que ela fosse propriedade de cada indivíduo, e não uma verdade 
afirmada objetivamente, como está na Escritura, por exemplo. Acosmovisão individual determina a verdade. 

Alguns críticos dizem que "as crenças e formulações do passado são inevitavelmente condicionadas pela 
cultura da época que as produziu."21 Os credos e confissões são sempre a expressão cultural de um 
povo, numa determinada época. Portanto, aquilo que foi válido para aquela época, não o é para a nossa 
presente geração. 

Como consequência, alguns pensamentos são vigentes na igreja moderna: 

a) Frequentemente se diz que alguém pode ser um cristão bom e sincero sem ter suas doutrinas 
formuladas sistematicamente. Isto tem sido o produto de um pietismo que sempre procurou o seu 
cristianismo na vida prática, sem a crença necessária em dogmas para ser cristão. Alguns ainda pensam 
que doutrinas são meras palavras, que não têm qualquer aplicação prática. 

b) Tem-se dito que as doutrinas são o produto de uma época particular com as suas características 
próprias, como o tempo da Reforma. Naquela época as doutrinas eram necessárias por causa das 
controvérsias religiosas. Mas a situação daquele período não mais se repetiu. Ele foi singular. 

c) Tem-se dito que as doutrinas mudam quando comparadas com a Bíblia. "Nós temos que ficar com o que 
não muda." Isso é verdade quando as doutrinas não tem um fundamento correto. Por exemplo: os 
Reformadores alteraram aquilo que era crido no período medieval. Por quê? Porque algumas doutrinas 
medievais não expressavam o conteúdo geral das Escrituras. Foi exatamente o princípio da Sola Scriptura 
que alterou o que estava estabelecido. Mas as doutrinas não são algo que necessariamente se altera. A 
mutabilidade das mesmas está relacionada com a sua fidelidade ou não à Escritura. 

XI. AAutoridade dos Credos e Confissões 

Modernamente tem havido duas atitudes para com os credos e confissões: uma de divinização e a outra 
de rejeição dos mesmos. Uma atitude sábia está em evitar esses dois extremos. 

Classicamente falando há duas posições com respeito aos credos e confissões, expressas em frases 



latinas: norma normata, que deve ser preferida a norma normans. 

Aexpressão norma normans ("uma regra que regula") reflete a posição católica romana. Ela expressa a 
idéia de que a autoridade dos antigos credos é absoluta e infalível. Os credos antigos eram considerados 
Palavra de Deus. 

Aexpressão norma normata ("uma regra que é regulada") reflete a posição protestante. Observe-se que o 
credo é uma regra, uma norma. Os credos sempre ref letiram a consciência doutrinária e religiosa das 
gerações da igreja cristã. Eles são de uma importância enorme para a igreja contemporânea, pois 
expressam aquilo que os nossos antigos creram. E tem que haver uma identidade de fé que nos une a 
todos, cristãos de todas as épocas. Mas temos que observar também que o credo é não somente uma 
norma, mas uma norma que é regulada. Como o credo é uma formulação humana, ele tem que estar 
submisso (regulado) à Escritura, a regra infalível e suprema de fé e prática. A Escritura, sim, é norma 
normans, isto é, ela é divina e absoluta, e tem a finalidade de regular os credos, que são uma autoridade 
secundária e derivada. Em última análise, os credos e confissões devem sempre ser testados e regulados 
pela Palavra de Deus. 

Os Padrões de Fé de Westminster, por exemplo, não são norma normans, mas norma normata, não uma 
regra com norma intrínsica, mas uma regra derivada da fé. Eles são um produto humano, totalmente 
subordinado à Palavra de Deus. A Escritura possui uma autoridade intrínseca, e não a igreja ou os seus 
credos. Tanto a igreja como os seus padrões de fé devem ser julgados pela norma normans, que é a 
Escritura. 

Vivemos num tempo de indefinição teológica e doutrinária por causa do abandono dos credos e 
confissões. O retorno aos credos e confissões é absolutamente necessário para que essa indefinição 
termine. Contudo, a aceitação de proposições confessionais deve levar a uma vida prática, sadia, cheia de 
amor pela Palavra de Deus e santo temor e reverência pelo seu autor e inspirador. 

XII. A Necessidade da Volta aos Credos e Confissões 

Essa volta é absolutamente necessária porque precisamos rejeitar a subjetividade daquilo que tem sido 
ensinado nas universidades e em alguns seminários evangélicos. O retorno aos credos precisa incluir a 
rejeição do subjetivismo moderno que tem negligenciado a verdade como é revelada objetivamente. Temos 
que afirmar as verdades de Deus que estão objetivamente reveladas nas Escrituras Sagradas. 

Essa volta aos credos deve ser uma resposta à ênfase exclusiva na ortopraxia. Demarest diz que "a única 
garantia de uma ortopraxia bíblica responsável é uma ortodoxia bíblica autêntica, tal como a fé que temos 
enraizada nos credos. Não há nenhuma integridade de vida à parte de uma integridade de crença.22 

Essa volta aos credos deve ser uma resposta à idéia do relativismo cultural. O que é verdade espiritual 
uma vez, sempre o será. Averdade não está condicionada a um tempo ou época. A verdade de Deus é para 
sempre. Aquilo que se considerou verdade numa época e depois caiu, não é expressão da verdade. Por 
essa razão os credos não são infalíveis. Eles podem ser aperfeiçoados e melhorados. 

XIII. A Importância da Subscrição dos Credos e Confissões 

Nos dias em que vivemos, por causa do baixo nível ético de crentes e de ministros da Palavra que 
prometem verbalmente fidelidade aos padrões doutrinários mas logo se afastam deles por uma questão 
de conveniência teológica, precisamos subscrever um conjunto de doutrinas que expressem a nossa fé. 
Essa atitude significa nadar contra a correnteza. Por causa do pluralismo vigente em nossos dias, as 
pessoas têm reservas até mesmo quanto à idéia de subscrever uma formulação teológica. 

Contudo, esta época é extremamente apropriada para que mostremos a nossa definição teológica, 
assinando documentos de fidelidade ao que professamos crer. Segue abaixo uma sugestão do que os 
oficiais e ministros das igrejas confessionais deveriam assinar: 

Nós, abaixo assinados, sinceramente e de boa consciência, declaramos que, por esta subscrição, estamos 



firmemente persuadidos de que todos os pontos contidos em nossos símbolos de fé reformados, 
elaborados pelos nossos antepassados espirituais, ref letem com fidelidade, por sua interpretação, os 
ensinos da Palavra de Deus. 

Prometemos, assim, ensinar com toda a diligência as doutrinas afirmadas em nossos símbolos de fé, sem 
que as contradigamos direta ou indiretamente, quer por pregação pública ou pelos nossos escritos. 

Declaramos, além disso, que não somente rejeitamos os erros que militam contra essas doutrinas, mas 
estamos dispostos a refutar e a contradizer os ataques à sã doutrina, para que a conservemos pura, e a 
igreja seja livre de cair em heresia. 

Asubscrição de padrões doutrinários deveria ser exigida por seminários e concílios da igreja, os 
subscritores ficando passíveis de ser submetidos ao juízo das autoridades eclesiásticas caso sigam um 
padrão diferente daquilo que subscreveram. Contudo, uma pessoa não deve ficar para sempre presa ao 
que assinou, no caso de não mais concordar com o que subscreveu anteriormente. O subscritor tem o 
direito de ter as suas dificuldades doutrinárias, e pode querer o reexame das doutrinas afirmadas. Uma 
saída para essa situação está prevista na fórmula de subscrição sugerida: 

Se, porventura, tivermos quaisquer dificuldades ou sentimentos diferentes com respeito ao que 
subscrevemos, prometemos não ensinar sobre eles nem pública nem particularmente, seja por pregação 
ou por escritos, até que tenhamos primeiro revelado tais dificuldades aos concílios competentes, e sejam 
essas dificuldades e sentimentos devidamente examinados por eles, estando nós dispostos a aceitar o 
juízo desses concílios, ficando sob penalidade, em caso de recusa, de sermos suspensos de nosso 
ofício .23 

Creio firmemente que muitos oficiais das igrejas confessionais teriam dificuldade em assinar um 
documento como o sugerido acima, porque o tempo presente dificulta essa atitude. Infelizmente, a igreja 
sempre tem se defrontado com a falta de seriedade de alguns de seus ministros ordenados, numa atitude 
não condizente com a ética cristã. Juram e não cumprem o juramento feito ao tempo da sua ordenação. 
Como agravante, as dificuldades individuais de ministros e professores de seminários não têm feito com 
que esses problemas e sentimentos opostos aos padrões confessionais cheguem aos concílios 
superiores. Eles preferem ignorar os problemas que vêem e fecham os olhos aos padrões doutrinários 
violados por muitos colegas, em nome do "amor." Em nome desse mesmo "amor de coleguismo," permitem 
que a verdade de Deus seja sacrificada. É uma pena que as coisas sejam assim. 

Todavia, eu conclamo os meus colegas de presbiterato, sejam eles docentes ou regentes, a assumirem 
uma postura de lealdade àquilo que cremos ser uma exposição fiel das verdades da Escritura Sagrada. 
Somente assim, haveremos de livrar a igreja que amamos das ameaças teológicas que a rodeiam. Que 
Deus assim nos ajude! 

English Abstract 

The article argues for the present relevance of creeds and confessions. After showing the biblical origin 
and historical development of creedal and confessional statements, Campos emphasizes their great 
importance for the church at the end of the twentieth century. Then, he deals with the reasons why creeds 
and confessions are not appreciated by the contemporary church. Such reasons are historical, cultural, 
philosophic and theological. As a response to this undervaluation of the creeds and confessions, the 
author stresses their continuing validity and the consequent need for their reappropriation. He admits that 
creeds and confessions can be perfected, but always in accordance with the norma normans (Scripture), 
since they are not unchangeable like Roman Catholic dogmas. Additionally, Campos acknowledges that, in 
order for Christians not to fali in the error of post-modernist subjective truth, they should have creeds and 
confessions not only as norma normata (a rule that is ruled), but they also should meet the challenge of 
subscribing to them, so that everyone will know the truths they embrace. 



Notas 



1 Philip Schaff, The Creeds of Christendom (Grand Rapids: Baker, 1990 ), vol. 1, 3. (Minha tradução). 

2 Bruce A. Demarest, "ChristendorrTs Creeds: Their Relevance in the Modem Word," Journal of the 
Evangelical Theological Society 21 (December 1978), 345. 

3 Paul Wooley, "What is a Creed For? SomeAnswers from History," em Scripture and Confession, ed. John 
H. Skilton (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1973), 96. 

4 Schaff, The Creeds of Christendom, 5. 

5 Ibid. 

6 Demarest, "ChristendorrTs Creeds," 345. 

7 J. N. D. Kelly, Early Christian Creeds (New York: Longman, 1972), 17. 

8 Philip Schaff, The Creeds of Christendom (New York, 1919), I.5. 

9 Philip Hughes, ed. geral, The Encyclopedia of Christianity, "Confessions and Creeds" (Marshalton, 
Delaware: The National Foundation for Christian Education, 1972), vol. 3, 89. 

10 Philip Melanchton, Apology of the Augsburg Confession, IV, 385, em Thedore G. Tappert, ed., The Book 
of Concord (Philadelphia: Fortress Press, 1959), 166. 

11 Bernhard Lohse, AShort History of Christian Doctrine (Philadelphia: Fortress Press, 1989), 10. 

12 Wooley, "What is a Creed For?," 97. 

13 Ibid. 

14 Ibid. 

15 Obviamente, nos dias de hoje nem todos os católicos, sejam eles teólogos ou não, aceitam a 
infalibilidade dos dogmas como foi crido em tempos passados. Otto Karrer enfatizou que "os dogmas da 
Igreja Católica Romana devem ser entendidos e apreciados com referência ao período do desenvolvimento 
dos mesmos. Infalibilidade significa que uma certa explicação é apropriada e livre de erro na sua resposta a 
certas questões condicionadas historicamente" (Lohse, Short History of Christian Doctrine, 13). 

16 Demarest, "ChristendorrTs Creeds," 347. 

17 Ibid., 97. 

18 Hughes, The Encyclopedia of Christianity, "Confessions and Creeds," vol. 3, 90. 

19 Karl Rahner, Belief Today (New York, 1967), 71. 

20 Demarest, "ChristendorrTs Creeds," 353. 

21 Ibid. 

22 Ibid. 

23 Esta sugestão de fórmula de subscrição é parcialmente retirada daquela seguida pelos ministros da 
Igreja Cristã Reformada dos Estados Unidos, que está inserida no Psalter Hymnal, 71.